Pietro
Marques era um jovem de dezessete anos que morava e estudava no internato Santo
Estevão. Era o seu último ano e não via a hora de sair, pois odiava aquelas
pessoas.
Apesar de ser muito inteligente e ter ganhado vários prêmios pela instituição, além de ser um ótimo nadador, sofria com brincadeiras de mau gosto por ser novato. Tinha entrado no ano passado e ainda não firmara suas amizades. Pelo contrário. A maioria da sala não gostava dele, principalmente Edgar, um jovem branco de cabelo preto e olhos claros, bem parecido com Pietro, a não ser pela cor do cabelo – Pietro era ruivo. Edgar também era um ótimo nadador e líder da sala.
Apesar de ser muito inteligente e ter ganhado vários prêmios pela instituição, além de ser um ótimo nadador, sofria com brincadeiras de mau gosto por ser novato. Tinha entrado no ano passado e ainda não firmara suas amizades. Pelo contrário. A maioria da sala não gostava dele, principalmente Edgar, um jovem branco de cabelo preto e olhos claros, bem parecido com Pietro, a não ser pela cor do cabelo – Pietro era ruivo. Edgar também era um ótimo nadador e líder da sala.
E
todo esse ódio pelo novato começou desde que à instituição. Vinha de uma
família conturbada: o pai, chefe de uma organização criminosa e mãe, tinha
problemas de esquizofrenia. Foi tirado de sua família por decisão judicial. Era
de se esperar que Pietro também fosse um garoto abalado psicologicamente. Porém ele era exatamente o contrário – pelo
menos aparentava.
—
Não podemos permitir esse garoto aqui! – falou a madre Evarista, uma senhora
durona, que dirigia o colégio – Olha a ficha dos pais!
—
Não podemos é julgar o menino pelos pais. – contestou o reverendo Azevedo, um
homem de quarenta anos e com expressão jovial – Ele é anjo de tão bom.
Eles
estavam numa mesa redonda discutindo sobre a entrada do novo aluno, um ano
atrás, quando chega o Sr Carvalho, professor mestre em química do internato –
um negro de trinta e seis anos e que comandava o Departamento de Ciências.
Segurava uma folha de papel, que jogou na mesa.
—
Olhem isso! – apontou para o boletim – Marques é um gênio da química.
—
Ponto positivo pra mim.
—
Pare de rir, reverendo Azevedo – interrompeu a madre, zangada – Esse menino é
um demônio!
—
Qual é madre superiora? Acha que vamos admitir um psicopata esquizofrênico? –
zombou Carvalho – Ele é um bom garoto.
Madre
Evarista, diante da maioria, teve que ceder.
—
Vamos admiti-lo. Mas depois não digam que eu não avisei.
Já
neste ano a situação havia melhorado (um pouco). Felizmente já havia uma
minoria que o defendia. Um deles era Benjamim Alencar, um rapaz que tinha pele
clara e cabelo loiro encaracolado, e era o seu melhor amigo. Um colega de
quarto que se transformara num grande amigo. Também havia Vanessa Oliveira, a
garota por quem Pietro era apaixonado. Tinha um belo corpo e uma pele alva, que
contrastava com seu cabelo negro e ondulado. Apesar de andar com os “garotos
maus”, não gostava das brincadeiras que eles faziam com Pietro.
O
internato era grande – ocupava um quarteirão inteiro na Grande São Paulo e
possuía tudo que um aluno precisa. O laboratório, por exemplo, tinha todos os
elementos químicos necessários para uma grande catástrofe, por isso
pouquíssimos alunos tinham acesso.
À
noite, nesse mesmo laboratório, entrava um casal de estudantes. Pietro e
Vanessa.
—
Não acha que alguém pode nos pegar aqui? – perguntou Vanessa, enquanto Pietro a
empurrava laboratório adentro.
—
Eu tranquei a porta – respondeu, beijando-a fortemente – Além do mais EU te
peguei primeiro.
O
casal continuava com as carícias no laboratório escuro. Era noite e todos
estavam dormindo. Ele a suspendeu e a colocou em cima da mesa, derrubando toda
a vidraçaria no chão e quebrando tudo.
—
Cuidado, garoto! – falou Vanessa, rindo.
—
Você não vai querer que eu pare – sussurrou Pietro, ofegante, enquanto folgava
o seu cinto – Ainda mais agora.
Pietro
começou a abaixar as calças, mas foi interrompido por uma batida na porta.
—
Droga! – gritou, recompondo-se – Sempre tem um estraga prazeres.
—
Vai ver quem é garoto furacão. – disse a garota, com um sorriso malicioso.
Ele
foi andando em direção à porta. Ficou com receio de abrir, pois podia ser o
inspetor Santos. Mas era Edgar.
—
O que você faz aqui? – perguntou Pietro, com raiva – Estou fazendo umas
pesquisas.
Edgar
entrou e deparou-se com os equipamentos destruídos. Parecia que tinha passado
um furacão, mas sua raiva veio quando viu Vanessa em cima da mesa, meio sem
graça e sem o que dizer.
—
Edgar, eu posso explicar.
Este
era outro fator que impedia o romance de Pietro e Vanessa: ela era namorada de
Edgar. A fúria tomou o seu corpo, fazendo com que partisse pra cima dela.
—
Vagabunda! – gritou o traído, com as mãos no pescoço dela – Como pode me trair
com esse idiota!
Pietro
não conseguiu segurar uma risadinha cínica. Mas não podia assistir aquilo.
Aliás, ele também tinha culpa.
—
Solte-a, infeliz – alterou-se, dando um soco na cara do agressor.
Os
dois começaram a brigar, ficando cada vez mais violentos. Vanessa ficou
desesperada, com medo deles se matarem. E esse medo agravou-se quando Pietro
empurrou seu inimigo contra uma parede de vidro – com exceção das academias de
ginástica, só o laboratório possuía paredes de vidro. Edgar caiu no chão do
corredor, com cacos de vidro perfurando todo o seu corpo.
—
Pietro! O que você fez? – Vanessa estava assustada.
—
Esse cara ia te matar. – falou Pietro, com a respiração acelerada e um olho
roxo.
Ele
não conseguiu parar, o ódio consumira cada centímetro cúbico de seu corpo. Ao
ver seu inimigo caído, sangrando, pegou um recipiente contendo soda cáustica.
—
Ele já está morrendo! – gritou a garota, tentando impedi-lo, mas foi jogada no
chão de tal força que desmaiou.
Pietro
pegou a soda cáustica e fez com que Edgar a digerisse, colocando-a na sua boca.
—
Agora você já era! – riu ao ver seu oponente morto. Pietro parecia outra
pessoa, e talvez fosse.
No
momento em que terminou, ele pensou em sair do laboratório, quando as luzes se
acenderam. Todos do internato apareceram diante daquela cena de horror.
—
Seu filho do demônio, maldito seja! – gritava a multidão.
O
jovem não tinha como esconder-se. Em outra parte ele olhou para os lados. Havia
fogo ao seu redor, como se estivesse no inferno.
—
Vamos crucificá-lo – Pietro apareceu na cruz – Idiota! Idiota!
—
Idiota! Acorda logo! – falou Benjamim. Ele estava rindo, vendo o seu amigo
rolando na cama ao lado da sua. O quarto deles era o 221, com duas camas, tevê,
banheiro e notebooks.
—
Desculpem-me! – gritou Pietro, acordando subitamente, ofegante e todo suado –
Ufa! – aliviou-se, percebendo que não era verdade.
—
Pelo jeito a noite foi boa. – riu Benjamim – Doces sonhos ou um bonito
pesadelo?
Surpreso
com a pergunta sem noção do amigo, ele respondeu do mesmo jeito:
—
Com certeza um bonito pesadelo.
—
Então o realize! – aconselhou o amigo, ainda sorrindo.
—
Deus seja louvado! – rogou Pietro,
levantando-se da cama. Olhou para os lados, pensativo – Perdoe-me, mas
não será tão ruim realizá-lo.
E
saiu em direção ao banheiro. Já no banheiro ele lavou o rosto, tentando livrar-se
do seu bonito pesadelo. Assustou-se com de Benjamim.
—
Adianta que hoje é aula no laboratório!
Pietro
olhou para o espelho com um sorriso de canto de boca.
—
Que bom, Bem! Que bom.
Uma obra de: Oliver Escobar
Muito bom a história
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