Trevor estava melhor do que nunca. Conseguira deixar os garotos apavorados. Agora criara um tal de “Jogo”, e por meio de uma gravação ditava as regras:
_ Se não for muito incômodo, gostaria que só dois de vocês fossem.
Abby e Raymond ofereceram-se para ir.
_ Teoricamente, o jogo é fácil – Trevor riu desdenhosamente – Os escolhidos terão que se dirigir até o galpão de alimentos. Mas antes passem pela corredeira 130 – os garotos ficaram confusos – Deixei “algo” para se divertirem – Trevor soltou uma medonha gargalhada, fazendo-os sentirem calafrios.
A gravação havia terminado e o casal preparava-se para sair da casa, quando Sara os advertiu:
_ Gente, cuidado – disse emocionada – Aquele louco colocou alguma armadilha. Eu preciso ir com vocês.
_ Melhor não, amiga – Abby também se emocionou – Vamos achar o Félix pra você, está bem? – elas se abraçaram fortemente e enfim choraram. Podia ser a última vez que elas se veriam.
_ Garotas, sem querer ser chato, mas temos que ir – Ray estava sério
Enfim eles saíram. Sara rondava pela casa, preocupada. Começava a achar péssima a idéia de ficar sozinha. “Devia ter ido com eles”, pensava a todo momento. O silêncio era insuportável. Decidiu então deitar no sofá, tentando dormir. Impossível, pois ficava o tempo todo imaginando que Félix atravessaria aquela porta, são e salvo.
Abby e Raymond seguiam mata adentro, em direção à corredeira 130. Ambos estavam aflitos, toda aquela situação acabara com eles. Abby permanecia séria, nem se lembrava a última vez que dera uma risada. Ray também sério, mas o silêncio deles era perturbador. Conseguiam distinguir o barulho das poucas espécies da floresta. Ele acabou com o silêncio.
_ O que acha que tem lá?
_ Vai saber! Do jeito que aquele cara é doido!
Chegavam perto. Já conseguiam escutar o barulho forte da água que descia pela cachoeira. O que quer que o assassino tenha preparado, não era nada bom.
_ Olha esta corda amarrada no tronco desta árvore – notou Abby.
_ Vamos segui-la
_ Mas ela vai em direção à cachoeira!
_ Temos que correr o risco – disse, já seguindo a corda. Raymond foi andando, quando notou que na extremidade da corda, que passava pelas pedras, carregava algo estranho. Aproximou-se para ver melhor, os pingos de água molhavam o seu rosto.
_ Abby, é um corpo! – eles correram para socorrê-lo. Juntos puxaram-no e jogaram-no na terra firme. Era um garoto, que aparentava ter uns 16,17 anos. Por sorte ele ainda tinha pulso.
_ Ele está vivo! - notou Ray, fazendo massagem cardíaca.
_ Reconheço este cara de algum lugar – Abby estava tensa, mas conseguiu lembra o nome – É o Oliver, do Rockstar, o namorado daquela líder de torcida, a Kelly!
Oliver retomou a consciência. Mas Ray ficou inseguro, pois ele era o amigo do atleta que tinha transado com a namorada dele. Isso fazia do Rockstar um possível suspeito do assassinato de Robert.
_ Abby, ele pode ter matado o Robert – cochichou Ray, enquanto Oliver acordava.
_ Espera o garoto se levantar.
_ Ai! – gemeu Oliver, meio atordoado – Me ajudem a levantar, por favor?
Abby o ajudou a levantar. Ele era um garoto de pele clara, cabelos lisos, magro. Porém estava muito sujo.
_ Obrigado por me salvar – disse seriamente – Sabia que iam fazer isso. – O casal estranhou o comportamento do sobrevivente – Espero que tenham curtido bastante a festa no ônibus, principalmente o Ray – provocou, empurrando Raymond em direção à cachoeira.
_ Não! – gritou Abby, quando ele virou-se para ela, com um olhar macabro e aproximou-se dela – Afaste-se daqui!
Oliver correu atrás de Abby, que tentava sobreviver. Mas ele era mais rápido e pulou sobre ela.
_ Prometo que não vou te machucar – e injetou um tranquilizante em seu pescoço, fazendo com que ela adormecesse – Segunda fase: o galpão.
A chance de Ray sobreviver era quase zero. E Abby inconsciente. A excursão estava perto do fim.
Sara já tinha acordado há um tempo e sentado no sofá. “Por que estão demorando tanto?”, pensava ela, quando escuta uma batida vinda da porta. Não sabia o que fazer: podia ser seus amigos com o Félix, sem ele ou o assassino. Ela pegou um jarro no centro e foi andando cautelosamente até a porta. Pensou em não abrir, mas sua curiosidade era muito grande.
_ Félix! – Sara chorou, abraçando-o fortemente – Que bom que não foi o seu dedo que Trevor cortou!
Ele começou a beijá-la, entrando na casa e trancando a porta.
_ Você sabe que te amo, não sabe? – era tudo o que Sara precisava ouvir naquele momento. Ela se sentiu nas alturas. O jovem que ela amava dizendo o mesmo: o amor era correspondido. Félix foi empurrando-a para o interior da casa. Até agora Sara não pensava em nada, só na volta do seu amado. Porém, após muitos beijos, percebeu que algo faltara.
_ Cadê os outros? – Félix não respondeu e continuou com os beijos – Cadê os outros? – insistiu Sara, mas ele não respondeu. Estranho, ele não agia assim – Félix! Onde estão os outros? – gritou Sara, pondo as mãos no peito dele, afastando-o.
Félix parou e ficou olhando para ela, sem expressão. Os dois no meio da sala, frente a frente.
_ Me responda, Félix, por favor – Sara voltou a ficar assustada. – O que aconteceu com você?
_ Eu só queria me despedir – disse, enfiando a mão no bolso de sua calça, preparando para tirar algo – Você não quer? – ele começou a rir, sarcasticamente.
_ Se despedir de quem?
_ De você mesmo, gata – Félix puxou uma faca do bolso.
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