Contos Embaralhados

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

♠ A Excursão - Capítulo 7 (Mudanças) e Capítulo 8 (De Volta ao Luto)


 7. (Mudanças)



Enfim a noite terminou. O horário marcado era às 07h00min e Félix acordara às 05h00min, pois não queria encontrar-se com Raymond, que feito uma pedra. Porém enquanto Félix estava no banho, Ray acordou com o barulho do chuveiro, ironicamente.
_Conseguiu dormir, cara? – provocou o atleta enquanto lavava o rosto.
_Claro! – ironizou Félix – Com aquelas vadias gemendo a noite toda não consegui dormir nem um minuto! – completou do Box – Podia ter ido para o quarto do Max, que está sozinho.
_ Em primeiro lugar, aquelas duas não são vadias- defendeu-se Ray – e em segundo, Max estava “ocupado”, se é que me entende.
Ao sair do banheiro, com o próprio roupão do hotel, Félix é surpreendido com uma pergunta embaraçosa.
_ E você e a Sara? Já...
_ Ainda não – respondeu o garoto “tímido” – Acho que ela está brincando comigo.
_ Não deixe – aconselhou o colega – Diga que se não for com ela, vai ser com outra.
_ É isso mesmo o que vou fazer.
Félix vestiu-se com uma roupa preta de escoteiro e decidiu descer até a suíte 40, onde Max estava, enquanto Raymond tomava banho. A morte de Robert fizera cair muitas máscaras. Os garotos do quarto 45 começaram a se falar, com interesse é claro, mas o mundo é um jogo de interesses – enquanto o nerd ganhava dicas com as garotas, o atleta ganhava trabalhos prontos. Sem falar em Henry, que a cada hora ficava mais estranho.


Já se aproximava das 6 e as estudantes acordaram. Enquanto Sara aprontava-se, Abby fazia perguntas.
_ Até quando vai fazer o garoto esperar? – perguntou Abby, rindo.
_ Na verdade eu não sei. Talvez hoje, talvez amanhã – explicou Sara, enquanto vestia sua roupa de escoteira roxa, composta por uma saia curta e uma blusa regata, com botas de couro brancas.
_ Se não for com você, vai ser com outra – sentenciou a garota popular.
_ Impossível. Ele nunca faria isso comigo.
_ Então continue com isso, sua besta.
Abby vestia-se com o mesmo modelo de Sara, só que branco. O modelo dos meninos também era padronizado: camisa polo e calça jeans e botas pretas. Assim como o das meninas só mudava a cor: Félix – preto, Raymond – vermelho, Max – verde e Henry – amarelo.
_ E quanto a você e o Ray? – questionou Sara, que sabia que havia algo entre eles.
_ Nada – respondeu Abby, seriamente – Ele tem as tietes dele e eu tenho coisa melhor pra fazer.
_ Você ainda vai cair na rede dele.
_ Não. Ele vai cair na minha – disse Abby, rindo


Eram exatamente 6:30 e Freddy já estava na van, que foi fretada. Vestia um macacão azul marinho e ouvia uma música, um rock de garagem, talvez.


Chamando Max, Félix e o amigo subiram para a suíte de Henry a fim de apressá-lo.
_ Henry? – chamou Max, batendo na porta.
_ Pode entrar.
O professor acabara de vestir sua camisa e já estava saindo, mas Félix não podia deixar de notar um detalhe.
_ Se deu bem, hein professor! – riu, apontando para a cama de Henry que havia uma mulher loira, completamente nua, com um corpo escultural e adormecida de bruços.
_ E ela é gostosa! – exclamou Max.
_ Pensam que só vocês podem “se dar bem”? – retrucou o mentor – O pior é que nem sei o nome dela – todos riram – Vamos descendo.
Enfim todos estavam prontos e se encontraram na garagem do hotel, onde a van já estava ligada.
_ Apressem-se! – gritou Freddy.
_ Cuidado – cochichou Henry aos seus protegidos.
Ao entrarem os alunos sentiram um cheiro estranho, que lembrava gasolina, porém eles ignoraram. Mesmo assim, o professor decidiu questionar:
_ A van passou pela manutenção, Freddy?
_ Claro que sim, professor!
_ Já são 7:00, pode dar a partida.
A viagem até a floresta Ubá foi tranquila, os estudantes dormiram o caminho todo, pois estavam exaustos. Com três horas de viagem, os alunos chegaram ainda pela manhã. O tempo não estava muito bom, estava nublado e faltava pouco para chover. Quando desceram notaram logo a placa: “Bem-vindos a Ubá”.
_ Bem-vindos a Ubá! – disse uma garota com a voz alegre. Ela era loira, olhos verdes, tinha um belo corpo e estava vestida semelhante aos alunos, só que com a roupa rosa – Sou a guia turística contratada pelo colégio e vou levá-los até o lugar onde montarão suas barracas. Meu nome é Kate.
_ Quero montar a minha barraca com ela em cima – falou Max baixinho para Félix, que não deu ouvido.
O cheiro de gasolina ficou cada vez mais forte.
_ Afastem-se! – sugeriu a guia – Qualquer faísca e ela explode – Foi no exato momento que surge uma faísca, provavelmente atiçada de um dos telefones móveis dos adolescentes.
_ Corram! – gritou Henry – Freddy, saia já daí!
Os esforços foram e vão. O estrago só não foi pior porque os alunos correram a tempo. Porém ficaram com ferimentos leves. A explosão chegou até a queimar algumas árvores.
_ Estão todos bem? – perguntou Henry, preocupado.
_ Estamos! – gritou Raymond em nome do grupo – Já Freddy não teve a mesma sorte.
_ Isso é jeito de falar, garoto! – cutucou Abby – Era um ser humano.
_ Poupe-me, Abby.
Com certeza a intenção do atentado não era só matar o motorista. De onde eles estavam podiam ver o corpo de Freddy, sendo carbonizado e tudo isso confirmava uma teoria: o assassino está entre “amigos”.



8. (De volta ao Luto)


Apesar do incidente, o grupo recuperava-se bem. A morte de Freddy era o mínimo dos problemas. Eles precisavam descobrir o Intruso, aquele que estava matando friamente os seus semelhantes. Kate levava o resto do pessoal até uma cabana, no coração da floresta, para que pudessem reorganizar-se e pensar. Pensar muito.
_ Então Kate, onde fica essa tal cabana? – perguntou Henry, todo sujo, por causa da explosão, assim como os outros.
_ Fica ao norte da entrada, perto da corredeira 130 – explicou – É uma cabana, uma casa na verdade, para os turistas desavisados, que não encontram vagas nos hotéis. Como estamos em setembro, ela está vazia.
_ Cabemos nós todos?
_ Claro! – respondeu Kate, entusiasmada – Possui três quartos, uma sala de estar, cozinha e dois banheiros.
Ao chegarem na cabana, todos surpreenderam-se: era praticamente uma casa de luxo na mata – bem feita, madeira nobre e bastante arejada. “Bonita casa”.
_ Atenção! – intimou o professor, elevando o tom de voz – Vamos nos organizar: quanto um – Félix e Raymond, quarto dois – Abby, Sara e Kate e quarto três – Max e eu.
_ E lá vamos nós – resmungou Félix, irritado.
_ Larga de ser chato, nerd! – disse Ray, dando um tapa nas costas do garoto, que o empurrou no chão.
_ Quanto aos banheiros, como só temos dois, prioridade às garotas – eles não gostaram nada da ideia – Kate e Sara, vão logo. Max, Ray, me ajudem com as bagagens que consegui salvar. E Kate, o que podemos fazer em relação aos mantimentos – questionou o tutor, preocupado.
_ Temos um galpão aqui perto, que funciona como reserva – disse a guia turística a caminho do banheiro.
_ Então Abby e Félix tragam o que puder. Tomem essa mochila e uma bússola.
Henry tinha um ótimo poder de liderança e com a morte de Robert, aprendeu a tomar decisões tensas e a calcular os fatos. Em poucos minutos os estudantes já sabiam o que fazer.
Enquanto a casa endireitava-se, a dupla seguia floresta adentro, em busca do galpão de mantimentos. Ubá era cheia de árvores altas, vegetação variada e pouquíssimos animais. Eles estavam andando em direção leste e em silêncio. Porém Félix decidiu falar:
_ Abby, você está bem?
_ Claro! – respondeu a garota, surpresa – Por quê?
_ Não sei – tentou explicar – Tem agido de forma estranha ultimamente e sabe que eu me preocupo com você, não sabe?
_ Sei. É só a tensão do momento – explicou-se a garota.
_ Qualquer coisa, eu estou aqui pra isso – consolou Félix, no momento em que chegaram ao lugar exato.
_ Muito obrigado, Félix. Tem se tornado um grande amigo pra mim – disse Abby, elogiando sua amizade.
A relação entre esses dois era interessante. Nenhum deles tinha interesses no próximo, porém possuíam um grande carinho um pelo outro.
Quando chegaram a casa, já era noite e todos só estavam esperando por eles. Então eles jantaram e descansaram, pois a casa não tinha televisão. Henry precisava ter uma conversa séria com os alunos a respeito dos incidentes. O professor foi ao seu quarto, onde eles já estavam reunidos, com exceção de Kate, é claro.
_ Como todos sabem, o corpo de Robert foi praticamente queimado – iniciou Henry – logo não temos que nos livrar das evidências.
_ Sim, mas isso nos coloca em perigo – disse Félix – isso prova que há um assassino entre nós.
_ Ou uma assassina.
_ Ray, poupe-nos – Henry estava confuso – vamos ignorar o elemento humano, por enquanto. Pode ter sido uma coincidência – os estudantes ficaram perplexos – E então vão logo dormir ou tem algo planejado?
_ Eu e o Raymond montamos uma festa – disse Max – Todos para sala!
Para os adolescentes, tudo era festa. A que os meninos organizaram incluía música alta e bebidas (para maiores). No meio da balada Max tentava algo com Kate.
_ Então, gata, “tá” gostando da festa? – perguntou ele, flertando.
_ Comecei a gostar mais agora – respondeu a garota ao flerte.
Entre os jovens a coisa era rápida: num instante Max e Kate já estavam nos “amassos” no rol da casa.
_ Ê Max Casanova! Gritou Félix, que estava abraçado com Sara no sofá;
_ Acha que a Abby vai ficar com o Raymond? – perguntou Sara, mudando totalmente de assunto.
_ Tomara que não – Félix estava sério – Ela merece coisa melhor.
_ Concordo, mas vamos parar defalar deles – Sara então começou beijando-o.
Era tudo o que Félix queria. Ele respondu colocando-a em seu colo.
_ Vamos para o meu quarto – sussurrou Félix, enquanto levava Sara.
Os beijos ficaram cada vez mais fortes e o clima só esquentava.
_ Não vou perguntar mais se está pronta – disse Félix, enquanto abaixava suas calças.
_ Não precisa – riu Sara, que deitara sobre a cama – Mostre-me do que é capaz.
Félix então “partiu pra cima”, como os adolescentes dizem. Ele virou outro, a selvageria da floresta o influenciara, deixando Sara surpresa.


Já pela manhã, os alunos focaram-seem arrumar a bagunça. Todos acordados, exceto o casal da noite. Porém Henry não queria ninguém dormindo.
_ Félix e Sara levantem! – gritou Henry, batendo na porta.
_ Sara acorda – disse Félix, que já estava saindo do quarto, com uma camisa listrada em preto e branco e calça jeans.
_ Estou exausta – murmurou a garota – Aquele era você?
_ Vou levar isso como um elogio – riu Félix – Se vista, eu lhe espero.
Após saírem do quarto, o tutor passou-lhes logo as tarefas da casa: varrer, lavar w cozinhar. Também pediu que quando terminassem, saíssem floresta adentro em busca de pedras incomuns – era a primeira tarefa referente à geografia, pedida pelo próprio colégio. Como Kate era a guia turística, Henry sugeriu que ficasse em casa, enquanto ele ia à corredeira 130.
_ Voltem no máximo às 16:00 – ordenou.
Os alunos estavam andando por Ubá, coletando minérios e sujeitos ao perigo. E o perigo maior não eram as onças – era o intruso. E Max estava com problemas, pois a atividade era individual e todos estavam separados.
_ Quem está aí? – questionou Max, gritando. Havia algo ou alguém nos arbustos, que podia pegá-lo a qualquer momento – Vamos! Apareça!
Max pegou uma das pedras para tentar usar como arma. Suava frio. Porém o esforço foi inútil. Foi surpreendido com uma seringa em seu pescoço, injetando um certo tranquilizante.


_ Boa tarde, Max! – disse uma voz, abafada pela máscara preta – Enfim acordou para show!
_ O que quer de mim? – o garoto estava amarrado numa mesa de mármore. Além da mesa, o ambiente era frio, sombrio e fétido, muito fétido.
_ Quero me divertir – disse, sarcasticamente – Fiquei um pouco entediado, a morte de Freddy não foi tão gratificante.
_ Doente! – gritou Max, tentando soltar-se.
_ Calma atleta, ou devo dizer nerd! – o assassino começou a expressar raiva – Sempre foi duas caras: hora com o Raymond, hora com Félix, vive em cima do muro, querendo ser o popular – Max ficava cada vez mais apavorado, chorando e implorando por sua vida – E além disso é tirado a pegador, doido para transar com a Kate, não é?
O lugar, que lembrava um galpão, apesar do sol forte era escuro, que impedia a vítima de ver o seu agressor. Ele saiu por um minuto e quando voltou trazia consigo um machado e um frasco.
_ Pois então – falou o mascarado, rindo – Irá morrer como o Robert, um atleta e com uma coisa bem nerd, ácido sulfúrico, peguei lá mesmo no laboratório do colégio.
_ Não! Por favor! – gritava Max, chorando ainda mais – Eu só queria ser popular!
_ E será só que como um cadáver!
E Max teve o primeiro seu braço cortado. Os gritos poderiam ser escutados de longe. Mas o Intruso era indiferente e continuou com seu serviço. Fez o menino engolir o ácido que foi corroendo todo o seu corpo.
_ Terminou cedo – disse consigo mesmo – Vou levar algo para tornar-se o estopim do pânico.


Passado o tempo, todos estavam na cabana na hora exata às 16:00.
_ E então, o que coletaram? – perguntou Henry, entusiasmado.
_ Diversas pedras – explicou Sara – Vamos ter um trabalho para cataloga-las.
_ Abby, pegueo microscópio ali nos fundos para examinarmos algumas.
Ela foi em direção a porta dos fundos. Ao abrir, Abby deparou-se com uma coisa horrenda. Sentiu que ia desmaiar, mas seu único impulso foi gritar estericamente. Félix correu de imediato, junto com os outros e sentiram a mesma sensação que Abby. Era a cabeça desfigurada pelo ácido e acompanhada de uma bilhete:
“Bem-Vindos ao Show de Horrores”
Ass: Trevor


Uma obra de: Oliver Escobar

Nenhum comentário:

Postar um comentário